segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

A Estrada do Presente - De Gates ao Google

Li há pouco uma reportagem na Veja sobre a voracidade do Google na direção de criar um tapete de infraestrutura hiperveloz entre sua (já mega) estrutura interna e a casa do consumidor. Essa é a chamada last mile.

O Google anunciou a construção de uma rede de banda de 1 Gigabit (500 vezes mais rápida que uma conexão atual de 2 Megas). Isso permite praticamente uma revolução no uso que concebemos para a internet atualmente. É como se permitíssemos lotar e esvaziar um maracanã inteiro em poucos segundos, fazendo com que todos os torcedores passassem ao mesmo tempo no mesmo portão sem que houvesse apertos ou confusões na briga por espaço. Haveria folga suficiente para todos...
O serviço será fornecido a 500 mil pessoas incialmente e - promessa do Google - a preços competitivos.

Imediatamente veio a minha cabeça um antigo livro escrito por Bill Gates em 95 chamado A Estrada do Fututo. Com que prazer adolescente li esse livro que prometia maravilhas num novo mundo chamado de digital, onde os lares estariam equipados com internet de altíssima velocidade, capaz de trafegar dados de video e som on demand, de uma forma tão instantânea, que redefiniríamos a maneira de assistir TV e ouvir rádio com a introdução de conceitos até então desconhecidos na experiência do entretenimento doméstico: a interatividade e a convergência digital.

Assistiríamos novelas em TVs de tela finíssima, penduradas na parede, com conteúdo multimidia em alta definição e com a opção de congelarmos uma cena para apontar e clicar em determinado abajur do cenário, levantando informações sobre fabricante, preço, disponibilidade em estoque... pimba! Compramos um abajur pela TV! (que seria também a tela do computador doméstico). Que maravilha de vida teríamos nos então longínquos e vindouros anos 2010...

O livro foi um marco na minha leitura pessoal. Lembro que peguei um ônibus para ir pra livraria do Shopping  ver se já tinha chegado e o arrematei por um valor que tinha que ser programado pra caber no meu orçamento de estagiário. Hoje talvez o tivesse comprado na pré-venda da americanas.com e pago no cartão de crédito. Daqui a dois anos, usuário da rede Google, é possível que, além do livro, eu assista um video HD especial baixado em seis minutos, bônus da compra do e-book que fiz na amazon, com tradução simultânea do Google Instant Translator, que traduz sem sotaque a partir dos sons originais.

A profecia do Gates então, se torna realidade.

Só me intriga porque o homem que conhecia o futuro 20 anos à frente, ficou tão para trás na garantia do espaço que a própria empresa dele ajudou a estruturar? A Veja lembra que as grandes vedetes da Microsoft, o Windows e o Office, já tem seus 20 anos de estrada e, apesar das tendências claras da web 2.0 (capitaneadas pelo Google, inclusive) ainda mantém aquela característica de rodar e armazenar em máquinas locais.


Gates, olho vivo! O mundo caminha para os aplicativos e armazenamentos online. A estrada da supervia está sendo pavimentada a vibrantes passos largos, e ao que parece, com asfalto virtual do Google.

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